Não somos como a rocha, e sim como a água. Estamos experenciando uma forma, aprendendo a viver sob determinado contexto limitado, mas em essência somos amorfos. Se pudéssemos nos traduzir para a materialidade, seríamos como o vento que sopra invisível, sem que possamos saber onde ele começa e onde ele termina.
Quando nossa mente entra em ação, sua primeira atitude é dar forma a tudo o que puder experenciar. Damos formas aos nossos corpos, às pessoas e ao mundo ao redor. Damos formas à fala por meio da escrita, damos formas aos sentimentos por meio das palavras, damos formas inclusive ao subjetivismo da existência por meio de símbolos. Tudo o que a mente consegue fazer é criar formas para traduzir aquilo que experimenta.
Na existência absoluta do Ser não existem formas, não existem pensamentos. O que há é apenas a observação e o estado de consciência pura. Isso é ser, isso é existir. Ser não tem relação com a vida. Esta é uma experiência limitada e, por que não, fechada sob um contexto maior e atemporal. Ser é não ter limites e não ter qualquer linearidade. Portanto, ser é não pensar.
Pois que todos os pensamentos são lineares. Todos têm um começo ou um fim. Mesmo uma simples fagulha mental já constitui um começo, portanto uma linearidade. De fato, todos os pensamentos estão na percepção do passado. No agora, no estado perpétuo do presente, não existem pensamentos. O pensamento é a interpretação de algo que vimos no período infinitesimal pelo qual já passamos.
Portanto, quando há o pensamento, o que passa a tomar forma é uma ilusão, a nossa ilusão. Quando o pensamento surge, quem realmente somos deixa de estar presente, ficando escondido no recanto mais profundo de nossos psiquismos. Ele deixa de existir de maneira objetiva, pois que como fato, ele é sempiterno.
Deste modo, apenas existimos como fato quando não há pensamentos. Eis então a importância da meditação em nossas vidas. Sendo ela o estado de não-mente, esvazia-nos então de todas as formas que criamos, de todas as imagens e de todos os símbolos, trazendo-nos de volta ao estado amorfo do Ser.
Podemos ficar por apenas alguns instantes, até mesmo por apenas alguns milésimos de segundos, mas nesse momento nos tornamos unos com a criação.
Alguém dissera sabiamente: penso, logo não existo. A compreensão profunda dessa simples frase já é o suficiente para derrubar algumas das barreiras criadas por nossas mentes.
A mente cria, mas apenas a não-mente É.
http://www.blog.potencialidadepura.com/ Marcos Kent
Nenhum comentário:
Postar um comentário