"Para ganhar conhecimento, adicione coisas todos os dias.
Para ganhar sabedoria, elimine coisas todos os dias."
Lao Tsé
Em nossa jornada de crescimento, tendemos a acumular conhecimento. Por diversas vezes, sua quantidade acaba criando situações de confusão, pela falta de espaço em nossas mentes para a absorvição adequada de toda a informação. Todavia, ainda assim acumulamos mais e mais conhecimento, sem nos darmos conta da direção efetiva para a qual seguimos.
Todos passam por isso. Do mais inexperiente ao mais adiantado. A mudança interior nos abre uma porta para um mundo de diversas possibilidades e deslumbrados por tudo o que nossos olhos vêem e nossos corações sentem, queremos destrinchar tudo o quanto for possível.
Infelizmente, a maioria continua nessa aventura por tempo indeterminado. As pessoas acumulam conhecimento, acumulam crenças disfarçadas de informações, acumulam hábitos e formas de pensamento que não são realmente ponderados como deveriam. Mas o deslumbramento é tamanho, a emoção de estar vivenciando aquilo, ainda mais quando compartilhado com outras pessoas, que grande parte acaba se distanciando de seu próprio centro, de seu próprio eu.
O resultado disso é a criação de novas imagens e crenças, mesmo que aparentemente não o sejam, e uma espécie de fuga por meio de incontáveis mistificações ou no ato de concentrar-se em coisas que, para o bem da verdade, não importam realmente. Então, as pessoas acabam fugindo do cerne da questão, acabam tentando resolver assuntos interiores com pensamentos superficiais.
Criam mantras, passes de mágica, rituais, cognomes, ícones superiores, etc, etc, etc. Todos passam por essa fase, e eu não me excluo disso.
Porém, a vida é transformação pura, perene e sempiterna. E neste psiquismo linear presente em nossa espécie, surgem oportunidades de dar um passo adiante, de olhar ainda mais de cima e, principalmente, de olhar ainda mais de dentro. Então, é percebido que tudo isso, toda essa mística espiritual ou filosófica, todas essas ferramentas exteriores, esses processos coloridos e ditos milagrosos são apenas caprichos de nossa ainda atrasada percepção da realidade.
É dito sobre unidade, sobre dimensões, sobre joio e trigo, sobre forças e energias, sobre isso, sobre aquilo, enfim, toda uma abóbada com enfeites caindo sobre nossos olhos. Mas nada disso realmente importa. Nada disso irá ajudar o indivíduo a encontrar a liberdade. De fato, tais mentalizações são apenas mais uma espécie de fuga do próprio ser.
Na essência da consciência, nada disso existe. E para reencontrar o próprio centro, nada disso é necessário. Quando falamos de ferramentas subjetivas para entrar em harmonia, falamos sobre desapego, gratidão, amor e etc. São atitudes, portanto não são ferramentas de verdade. Usamos a palavra apenas para ilustração. Não estamos perdendo nossa força numa crença ou numa construção mental.
Mas a partir do momento em que damos força, a nossa força, para criarmos ferramentas objetivas, como mantras, chaves, portais, objetos, entre outras, estamos deixando a nossa divindade de lado, estamos nos desviando de nossa própria consciência, dando ao externo o poder de influenciar o nosso interno. Então, de modo inconsciente, estamos abdicando de nosso poder, estamos novamente saindo da realidade e criando mais um mundo de ilusões.
Deste modo, aquele que compreende isso, finalmente está pronto para dar um passo adiante. Todas as fantasias são deixadas para trás, todas as ferramentas místicas se esvaem e então as rebarbas são cortadas. A pessoa sai da ilha da fantasia e começa a finalmente compreender o mundo, mas principalmente a si mesmo. Tudo o que foi acumulado é jogado fora, só é deixado o que realmente importa.
A vontade de querer fazer a diferença vai embora, o que sobra é a vontade de compartilhar e ser feliz. A falsa libertação do ego não mais está presente, pois é irrelevante sua presença. Não há mais necessidade de atacar e reagir, não há mais necessidade de fazer barulho, não há mais necessidade de querer chamar a atenção para si.
Não há mais necessidade de apegar-se a mestres espirituais, não há mais necessidade de apegar-se a ferramentas, não há mais necessidade de apegar-se às próprias convicções. As referências continuam, mas você já não é mais limitado ou pseudoilimitado.
Você não age mais egoicamente dizendo-se livre do ego. Agora você começa a se libertar aos poucos, ao seu modo, de todas as imagens, inclusive da sua.
Quando você finalmente acorda de maneira integral, só o que existe é silêncio. Só o que existe é a verdade. Só o que existe é você.
Marcos Kent - http://www.blog.potencialidadepura.com/
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